
"Para que você nunca troque a leitura por coisas fúteis, e não troque as pessoas pela solidão da leitura, mas sempre leia e sempre ame!"


A tragédia começou quando Lindemberg, sete anos mais velho que Eloá, decidiu que ela não seria de mais ninguém. Os crimes passionais são quase um privilégio masculino. Se, como diz a lenda, mulheres são mais ciumentas, por que raramente matam ao ser abandonadas? “Homens são por natureza mais violentos, predadores. É o instinto homicida dos machos, o mesmo dos lobos, dos animais”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. Ao decidir terminar um caso de amor, a mulher está mais vulnerável a ser assassinada.
Dias depois do crime de Santo André, outro jovem de 22 anos, Daniel Pereira, invadiu a casa da ex-namorada, Camila Araújo, de 16 anos, e a matou com um tiro na cabeça. Na frente do filho dos dois, bebê de 1 ano e meio. Daniel queria passear e reatar com Camila. Mas ela não queria. Ele voltou meia hora depois com um revólver 38 e a matou. Dormiu na casa de um amigo. No dia seguinte, foi preso.
Ninguém deu muita bola para esse crime, sem contornos de espetáculo. Não havia seqüestro. Nem mártires. Nem policiais cercando um prédio. É provável que Daniel tenha se inspirado em Lindemberg. Mas ele não virou o “príncipe do gueto”. Camila, mãe precoce, foi enterrada pela família. Não houve cortejo de 12 mil pessoas, tampouco aplausos como no enterro apoteótico de Eloá. Um crime foi abrupto e particular, como tantos. O outro se estendeu por dias, escancarou o despreparo policial e aumentou absurdamente a audiência da televisão. Especialmente de programas especializados não em jornalismo, mas em manter a massa ligada a qualquer preço.
O culpado é, claro, o assassino. Mas, no caso Eloá, a polícia abusou do direito de errar. E a mídia ultrapassou fronteiras éticas. Não consigo aceitar que se entrevistem ao vivo seqüestradores armados sem ao menos consultar quem negocia o resgate. A polícia não pode reclamar da mídia. Juntos, criaram o seu Big Brother e transformaram Lindemberg “no cara”. Policiais adoram aparecer como Rambos, abrem suas conversas com o bandido para microfones sedentos. Permite-se que sinais de televisão e celular cheguem ao cativeiro e perde-se o controle. Lindemberg escuta os ecos de sua voz, sente o gosto da fama. Eloá vai para a janela, Nayara volta, e alguém ainda vai faturar com esse roteiro no cinema. Dois clássicos são O Quarto Poder, de Costa-Gavras, e A Montanha dos Sete Abutres, de Billy Wilder.

Essa frase (o título) tem me chamado muito a atenção. Parece ter sido tirada de um daquele livros de auto-ajuda que existe por aí. E apesar de não ser fãaa do gênero, eu concordo que é uma frase profunda e bonita. Faz um grande sentido, e coincidência ou não, ouvi de duas pessoas distintas na mesma semana a mesma frase! Me fez pensar se não estou desvalorizando um pouco os passos de agora, me fixando demais no futuro. Acho que devo prestar mais atenção.
O senhor já de idade atravessa com agilidade a avenida movimentada, cheia em função do horário. O senhor parece mancar de uma perna, especificamente a perna esquerda, mas isso é só um detalhe. Ele sorri e me deseja "Boa tarde!", eu retribuo e de cara sei que dali sairá uma conversa. O calor é grande e o sol estala sobre as cabeças ocupadas da cidade. Fico observando o tal senhor, ele senta-se no banco mas não aparenta nem o mínimo de cansaço, nem uma gota de suor. Do meu lado ouço pessoas mais novas do que ele reclamarem do calor, com caras estampadas de mau humor, impacientes com a demora do ônibus. Ele não. Está lá quieto, a olhar para os lados. Me pergunta:"Vila Dirce já passou?!", tenho que dar a triste noticia:"Iiii senhor, acabou de passar!", "Aaah não faz mal, eu espero outro.Só não posso me atrasar, é que eu tenho treino". Treino?Na hora já pensei "senhorzinho esportista, tá na cara, revela disposição". Mas errei. O senhorzinho é jogador de dominó, "160 vitórias, invicto até agora no campeonato" me revelou com um grande sorriso. Nisso ele já me mostra o cronograma de atividades que ele segue na Instituição que participa: alfabetização, natação, volei, damas e é claro o dominó. "Quem vencer essa semana vai para a final! "Olhei para a perna dele e não sei se de certa forma ele percebeu e me disse tranquilo tranquilo: "Sofri um acidente de moto..." Moto?Caaaara, olha só?! "Foi na Copa, durante o primeiro jogo, o Brasil tinha ganhado e estava uma baderna na rua, eu tinha uma twist 250 mas minha carteira de habilitação estava vencida.Pedi para o meu genro conduzir a moto enquanto eu ia na garupa, numa curva um carro que estava em alta velocidade me acertou". Eu só escutava (lembrei do meu tio, do meu primo...). "Mas hoje eu estou bem, só não participo da Dança de Salão ainda porque não tenho força suficiente na perna esquerda, tenho uma placa aqui e ali (me mostrou a cicatriz enorme no joelho, sempre sorrindo...). Eu disse que ele tinha sorte, e muita força de vontade. Ele me respondeu: "Aah tem que ter minha jovem, senão vamos viver de que?" Aí o ônibus chegou, lhe desejei sorte para o campeonato, mas acho que ele já tem tudo que precisa, até mais.
Bom, só sei que eu admiro. Não porque tenho uma mãe, uma tia (aliás duas), primo e prima professor. Naaaaada a ver. Eu admiro porque é profissão de risco, entrar em uma sala com 40 fulanos e fulanas estranhos para si mesmos, e ainda assim bolar estratégias que façam nosso interesse despertar e fluir...E acho também uma responsabilidade imensa cuidar dos filhos de outros pais.
Eu devo ter alguma 'tara'/'atração' por coisa dificil ou assim ao acaso.Tanto que quando acontece eu fico 1/2 paranóica. Bom, mas eu tenho uma dessas historinhas pra contar. Nesse vai e vem de carros, viagens (literalmente) de ônibus pra lá e cá, é comum encontrar alguns estranhos que depois de alguns segundos já não parecem tãaaao estranhos assim. Algumas dessas pessoas, velhas, novas, crianças até, de algum jeitinho meio brasileiro ("jeitinho normal de ser" by Rafael) te convidam um pouco a conhecer suas vidas e quando isso acontece comigo de forma sincera eu fico eternamente grata. Pode parecer ingenuidade, mas eu acho bonito isso nas pessoas esse "ceder 5 min do seu tempo e do nosso para conversar com alguém que nunca havia visto".Anda acontecendo bastante disso comigo, talvez porque eu passe o dia inteiro vendo pessoas ou porque eu ando enxergando-as de outro jeito, um jeito diferente. Em uma dessa ocasiões encontrei alguém e ultimamente tenho torcido demais para que encontre novamente. E como é mesmo aquela história de "espere o inesperado"? Caí na armadilha. Esqueci de perguntar o nome dele, mas sei idade, naturalidade, o que faz no senac...E não é porque eu investiguei (até parece), mas sim porque a conversa fluiu tão bem que até comentamos além do que 5 min. Só sei que nenhum dos dois falou tchau e sim um tímido "até logo".
